terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Casa oca.

Sou intermédio.
Lúcia, por sua vez, é meio tédio.
Gosta de ficar em casa, e assistir tv - coitadinha, acredita que olhando pra telinha, vai ter mais o que dizer.
Não é curiosa, nem dança flamenco. Também não samba, nem sabe cantar, tampouco expõe suas idéias... e isso seja talvez porque... por que... Por que Lúcia não tem nada disso. Simplesmente não é dela. Nem é dela apreciar perfumes, nem se apaixonar nas esquinas, nem ajudar velhinhas, e, pra aumentar seu marasmo, nem de cerveja Lúcia gosta.
Ela gosta de ficar parada, com olhar vazio na janela. Isso porque só tem uma coisa que Lúcia sabe: Que é bonita. Então, pousa na janela pra que alguém note as graças dela. E quando se entedia, dorme.

Gosta também da casa limpinha e, se cozinha, quer logo limpar denovo pra não sentir o cheiro dos temperos ou da carne cozida.

Se entra um barulho lá de fora, fecha logo as janelas. Gosta de viver de pijamas e pede compras pela internet.

Lúcia -tadinha- quase que se sente bem assim, se esquivando de tudo. Se escondendo do mundo.

Ela, faz parte dos não participantes, dos não desconcertantes da vida. Mas escolheu sua filosofia:

Lúcia se poupa dos riscos, e optou por não existir -na mente dos outros- vazia.

Um comentário:

  1. Lúcia na casa ao lado
    Lúcia na frente do computador
    Lúcia em todo lugar
    parece ar
    mas é só Lúcia.

    É soluço
    na madrugada
    Sozinha, só Lúcia

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