quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Silvia.

Por discuido: Eu quase passei por mim; Assim, tão discreta, tão meiguinha, como quem não quer nada, que quase não me notei. Fui passando por tonta, bancando a inocentinha... Mas que forma mais frágil e indelegável de me fingir de ninguém, ein? Mas eu não posso mais ser assim. O mundo cobra de mim. Não, não, mil perdões, isso é só mais uma desculpinha fajuta; Quem cobra demais de mim sou eu mesma. Meu marido, ou melhor, meu ex-marido, por ora já o fez, coitado, mal compreendia que a minha fragilidade exibida era por ele, para agradar seu espirito fértil machista... acho que nem deu, como os outros, se encheu e se foi da pobre fingida, frígida e infértil de coragens.
É por isso então, q'eu tô sozinha.
Já vi bem que não adianta se fazer de santinha. O negócio mesmo é cair na correria... sabe? aquilo que eles chamam de farra. Botei mesmo meus sapatos de salto, até na cabeleireira eu fui hoje, só pra farrear.
Chamei as vizinhas, a moça do altar, até as galinhas, e me meti dentro duma boa noite de algazarra, que é bem pra tirar a veste, esse manto de s'ANTA.
Por sorte (ou azar) não encontrei homem nenhum. Até fui com intensão de dar uma de puta sabe, só pra enfrentar e matar a Maria aqui dentro, mas na hora, eu não quis. Fui só minha, peguei a noite para me pegar. Não bebi demais, não dancei vulgar, e só acendi um cigarro pra descontrair, pra me achar sexy... mas, assim, por mim mesma mesmo... não tinha nada nem ninguém não.
Como disse, passei a noite comigo. As meninas foram dançar, os caras foram se roçar nas saias floridas delas e eu, só fiquei. Sentei ali, no banquinho do centro, folguei as sandálias, pedi um cigarro. Fumei. Lentamente... v a g a r o s a m e n t e, e, nos pensamentos altos e cada vez mais altos, conversei comigo, hoooraaassss a fio contando a mim mesma tudo que fiz nos ultimos anos: as alegrias, as mágoas, as bobagens, as trsitezas, as desventuras, as quase venturas, as poucas e fatais aventuras que a minha própria pele e o eu que estava conversando ousou em duvidar e ahhhhhhhhh. Até chorar eu chorei. Desabafei, joguei tudo pra fora mesmo e senti que eu estava me entendendo. Me dei tão bem comigo mesma que, olha, pensei em me levar pra cama... mas acho que seria rude demais, assim, pro primeiro encontro. Mas eu acho que é assim mesmo, os primeiros encontros são cheios de dúvidas e divididas. Mas, a palavra que não existe nos primeiros encontros é a divida, e isso é ótimo por que desta, eu tô é farta.
Mas sabe, o eu queria me levar pra cama mas não tomou coragem, então eu fui de mansinho e, quando vi, já tava em casa. Na cama. Sem roupa. me admirando no espelho em frente. Sorri; o que mais há de se fazer quando tem alguém te fazendo tão bem assim? te admirando, te dando tanta atenção logo num primeiro encontro.? Eu me encontrei. Como eu pude ser tão cega? Ali, sempre na minha cara. Na minha própria cara, mesmo!

43 anos e finalmente encontrei o amor da minha vida.

Por alívio.

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