segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Garota bacante.

Ele doa seu coração como se importasse mais a vida dela do que a própria respiração. Os olhos amargos dele lacrimejam “eu não tenho nada a perder, além de você”, e ela sorri, com aquele batom vermelho escuro borrado nos lábios, e ele repara que o whisky cai um pouco no seu colo enquanto ela se balança. Os cabelos impecavelmente perfeitos dela não combinam com o local, com os gemidos e com a cerimônia... Eles estão no sonho errado. Ela não usa mais o vestido negro, e está nua no sofá, com seus velhos amigos de bar. “Vem dançar” ela grita escandalosa, sem temer o transtorno que isso causa aos caras cool, que estão previamente de ressaca, no longo corredor. As músicas soam na mente dela assim como pássaros sobrevoam a casa, e ela enlouquece. É a mulher mais ensandecida que já vi... Parece-me com aqueles quadros das bacantes com seus vinho e suas luxurias. É só disso que ela precisa pra viver: pecado. Aqueles pecados banais, mais belos e originais, feito dos prazeres e da paz carnal. Ela exibe poder sobre si mesma e isso encanta os outros; ela é mais de si mesma do que se pode ter. Meus olhos seguem seus pés, os movimentos acentuados das mãos com seu cigarro, que espalha fumaça pelo cômodo. Ela é linda e ninguém apaga seu esplendor. Sozinha, dançando e sorrindo, ela vira seus olhos e me vê, maliciosa, e sabe que ali há mais do que ela é capaz. Talvez tenha sido isso que nos uniu, o confronto. seu delírio. Baco.

Um comentário:

  1. Nossa, isso foi tão intenso, frenético. Senti-me em meio a uma catástrofe, ao caos psicológico e visual. Daria um excelente curta-metragem, cheio de sons e cores. Te amo.

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